revista ensaia/ n.1_dezembro2015/ RUBRICA
Processo de
residência com
no Galpão Gamboa
Miúda +
Thereza Rocha
Ou MÓ em processo: dramaturgias em dança e desenhos de comunidade
Integrantes de MIÚDA e Thereza Rocha
Fotos de Lucas Canavarro (ensaios) e Francisco Costa (apresentação)
Criada em 2009 no Rio de Janeiro, MIÚDA é um jovem núcleo independente de pesquisa continuada em artes composto por 15 artistas: Aline Vargas, Bel Flaksman, Bernardo Lorga, Caio Riscado, Fred Araujo, Gunnar Borges, Isadora Malta, Lia Sarno, Lucas Canavarro, Luar Maria, Marília Nunes, Natália Araújo, Pedro Capello, Rafael Lorga e Taianã Mello. Ao longo de seis anos de trabalho, dedica-se a pesquisar metodologias colaborativas que façam da investigação matéria para a criação e da criação meio para a prática investigativa. O apuro por um modo de fazer em grupo e continuado que dialogue com temas pulsantes e inquietações estéticas dos integrantes caracteriza suas catorze obras realizadas até hoje em dança, teatro, performance, artes visuais e audiovisual.
Em 2015, a convite de Marcia Rubin e César Augusto, curadores do Festival Dança Gamboa (RJ), produzido pela Pequena Central Produções Artísticas e pelo Instituto Galpão Gamboa, realizou-se a residência de criação Miúda + Thereza Rocha, resultando na criação do espetáculo MÓ: dramaturgias em dança e desenhos de comunidade, com duração de 45min, direção de Caio Riscado e Luar Maria, apresentado no Galpão Gamboa, nos dias 17 e 18 de outubro. A residência centrou-se nos fazeres dramatúrgicos em dança, possibilitando o aprofundamento do campo de referências de MIÚDA, o que foi essencial para a ampliação do universo de pesquisa do coletivo. MÓ é um espetáculo de dança criado a partir do entendimento do movimento como ação performativa e, consequentemente, como produtor de subjetividades diversas. A partir do corpo e sua potência vibrátil o espetáculo investe em construções de estados individuais e coletivos, investigando distintos desenhos de comunidades que não se sustentam pela identidade e, por esse motivo, são de difícil categorização. Da movimentação dos performers à arquitetura construída pelo posicionamento de seus corpos, os espectadores são convidados a questionar, por exemplo, as noções de coletivo, de grupo, de bando, de tribo e, por fim, de comunidade. Se estou ao seu lado, estou com você? Mesmo quando somos muitos, estamos juntos? Ou é melhor ser pouco mas não ser sozinho? MÓ cria sua ambiência conceitual e crítica através da pergunta: o que nos leva a vibrar juntos? Oscilando entre o singular e o plural, reivindicando espaços ociosos e, por vezes, forjando encontros fortuitos, essa performance dançada é mais uma aposta do que uma certeza - um olhar lançado para a profusão desses presentes que se multiplicam no tempo e, é claro, também no espaço.