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Nota 18

 

 

“O ritual da religião é uma espécie de magia, o do teatro, uma espécie de jogo” (GROTOWSKI, 2007, p. 43).

 

Na poética do Teatro Pobre, Grotowski defende que o confronto com o mito é um dos modos para encontrar um estado de coisas no âmbito estético do teatro que se contraponha às apreensões tradicionais e que possa inferir novos modos de percepção para os atores e os espectadores. No período da gênese do Teatro Laboratório, ele já defendia a ligação do teatro com o “misterioso” na medida em que é uma arte que se destacou do mito em sua origem. Grotowski afirma que o teatro é um ritual laico e deve então procurar por suas formas na direção de proporcionar o mesmo estado de revelação que o ritual conferia aos seus participantes, porém, por meios laicos. Os procedimentos do teatro devem se fundamentar pela matéria. Em seu entendimento, o mito deve ser confrontado, profanado, para que ganhe significação na nossa atualidade de perda de um “céu comum”. Essa profanação deve existir na malha que compõe o ator em seu “organismo vivo”, para ativar formas de quebrar tabus e fronteiras (GROTOWSKI, 1971, p. 9).

 

 

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